Cabelos brancos, 87 anos e um diploma recém-conquistado nas mãos. Essa é Luísa Valencic Ficara, imigrante italiana que em setembro do ano passado se formou, oficialmente, em nutrição pelo Centro Universitário Padre Anchieta, em Jundiaí, interior de São Paulo.
Em entrevista ao G1, ela contou que resolveu se matricular no curso para “ocupar a cabeça” depois da morte do marido e da irmã. “Não adianta ficar em casa que começam as dores. Dores crônicas, dores de saudade. Ter a casa vazia traz tudo isso”, disse.
De acordo com a universidade, a proposta do trabalho de conclusão de curso de Luísa era construir um memorial da vida dela. Porém, por motivos particulares, ela selecionou um livro sobre a história da cana-de-açúcar e não focou a pesquisa na própria vida.
Ainda assim, o trabalho, que compilou as principais características da produção e consumo de açúcar, foi elaborado a partir de leituras e resenhas mescladas com relatos de histórias que ela viveu.
A orientadora do projeto, Valéria Campos, disse que foi “inevitável” filtrar a parcialidade dos textos dela e transformá-lo em acadêmico e científico. “Os escritos de dona Luísa foram nos conquistando”, disse.
Todo o trabalho foi escrito por Luísa à mão. Colegas de sala e funcionários da instituição ficaram responsáveis pela digitação, configuração e impressão.
Texto extraído do Estadão