Efeitos positivos do colágeno na densidade óssea de mulheres pós-menopausa

Efeitos positivos do colágeno na mulher após a menopausa

Vários estudos têm investigado os efeitos anabólicos do colágeno sobre os ossos.  De encontro com essa informação, compartilhamos com você um estudo publicado na Nutrients, em janeiro desse ano, sobre os efeitos positivos dos peptídeos de colágeno na densidade óssea de mulheres pós-menopausa. Boa leitura!!

Autores: Daniel König,  Steffen Oesser,  Stephan Scharla,  Denise Zdzieblik, and Albert Gollhofer.

A etiologia da osteoporose inclui falta de atividade física, desnutrição, doenças subjacentes, ingestão de drogas e fatores não modificáveis, como envelhecimento, gênero e predisposição familiar.  Estima-se que, em todo o mundo, a cada três mulheres e um a cada cinco homens com mais de 50 anos de idade, irão apresentar uma fratura óssea induzida por osteoporose. Atualmente, existem várias abordagens terapêuticas para a prevenção e tratamento da osteoporose. Destacam-se abordagens não farmacológicas de cofatores importantes na preservação da densidade mineral óssea (DMO) como: atividade física diária, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool, assim como a ingestão de peptídeos de colágeno.

Estudos pré-clínicos in vitro ou investigações com roedores mostraram que a administração de peptídeos de colágeno aumentou o componente orgânico dos ossos, melhorou o metabolismo ósseo assim como a microarquitetura óssea e aumentou a resistência biomecânica das vértebras. Além disso, o efeito da terapia com os peptídeos de colágeno foi persistente durante um período de pelo menos três meses após a última administração, sugerindo um efeito anabólico do tratamento com peptídeos de colágeno.

Portanto, no presente estudo randomizado controlado por placebo, por 12 meses, foram testados em um os efeitos a longo prazo de uma suplementação específica de peptídeo bioativo de colágeno na densidade mineral óssea (DMO) da coluna lombar e do colo femoral, determinados por DXA (absortometria de raios X de dupla energia). Para esse fim, 102 mulheres na pós-menopausa, com idade entre 46 e 80 anos (idade média de 63 anos) receberam 5 g de peptídeo de colágeno específico (PC) / dia ou 5 g de maltodextrina como placebo (grupo controle: GC).   Além disso, os indivíduos foram encorajados a praticar atividade física e  a tomar suplementos de cálcio e vitamina D em uma dose diária de aproximadamente 0,5-0,8 g (dependendo do peso) e 400-800 UI, respectivamente. No entanto, os suplementos não foram prescritos e a ingestão não foi controlada.

O principal resultado deste estudo foi que os peptídeos de colágeno aumentaram significativamente a densidade mineral óssea (DMO) na coluna lombar e no colo do fêmur. Em contraste, nenhuma mudança significativa para esses parâmetros foi determinada no grupo placebo. Considerando a diminuição da DMO no grupo controle, os indivíduos do grupo que receberam o colágeno, apresentaram uma DMO 4,2% maior na coluna e uma DMO 7,7% maior no colo do fêmur, sugerindo um efeito clinicamente relevante do tratamento de 12 meses com a suplementação de peptídeos de colágeno (PC).

O efeito anabólico da ingestão de PC também foi confirmado por um aumento significativo no biomarcador de formação óssea, o propeptídeo amino-terminal do colágeno tipo I (P1NP). Em contraste, apenas no grupo controle, um aumento significativo na concentração do marcador de degradação óssea C-telopeptídeo do colágeno tipo I (CTX 1) pôde ser detectado após o período de estudo de 12 meses.

Evidências científicas diretas para explicar os efeitos positivos da suplementação de colágeno em humanos ainda são escassas. No entanto, algumas descobertas de experimentos com células e estudos in vivo em roedores aumentaram o conhecimento sobre como os peptídeos de colágeno podem melhorar a formação óssea e aumentar a DMO. Foi demonstrado que os peptídeos de colágeno são rapidamente absorvidos pelo trato gastrointestinal e podem atuar como moléculas de sinalização, assim, influenciar positivamente os processos anabólicos.

Com relação à diferenciação de mioblastos e hipertrofia das fibras musculares, identificaram o dipeptídeo (Hyp-Gly) do colágeno como um peptídeo sinalizador que ativa a via PI3K / Akt / mTOR, responsáveis pela síntese muscular.  Portanto, pode-se supor que também a estimulação da formação de colágeno no osso pode ser mediada por proteínas de sinalização derivadas de peptídeos de colágeno. Os peptídeos de colágeno demonstraram aumentar a expressão gênica do colágeno tipo 1, alfa 1 (COLIA1). Além disso, os autores descobriram que a via de sinalização ERK / MAPK estava envolvida no aumento da expressão de COLIA1 induzido por colágeno. Portanto, um aumento nessa fração orgânica e a mineralização do osso a seguir podem resultar em aumento da DMO.

No entanto, ainda há conhecimento insuficiente sobre qual tipo de peptídeos de colágeno (marinhos, suínos, bovinos, etc.) exerce o efeito mais favorável. Além disso, nem todos os peptídeos de colágeno podem ter os mesmos efeitos em diferentes tipos de doenças e, finalmente, o processo de fabricação também pode influenciar as propriedades biológicas e fisiológicas dos peptídeos de colágeno e, portanto, sua eficácia.

Além do fato de que precisamos de mais e maiores estudos em humanos, também precisamos de dados adicionais sobre o momento ideal e dosagem, bem como os resultados relacionados aos efeitos a longo prazo da suplementação com peptídeos de colágeno.

Em conclusão, os resultados deste estudo randomizado, controlado por placebo demonstram que a suplementação com 5 g de peptídeos de colágeno específicos aumenta significativamente a densidade mineral óssea da coluna lombar e do colo do fêmur, bem como os níveis sanguíneos do marcador ósseo P1NP em mulheres na pós-menopausa com declínio na DMO relacionado à idade.

 

 

 

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