Divulgada na semana passada, pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, com o apoio da AARP, a associação que reúne 38 milhões de aposentados nos Estados Unidos, traçou um painel sobre a sexualidade de norte-americanos entre 65 e 80 anos.
Velhinhos assexuados? Esse é o tipo de estereótipo que cai por terra: 40% das pessoas entre 65 e 80 anos se declaram sexualmente ativas. A pesquisa contou com cerca de mil entrevistados e um dos objetivos do levantamento era saber como os adultos mais velhos buscam ajuda ou aconselhamento e se conversam com seus médicos a respeito do assunto. Do total, 18% dos homens e 3% das mulheres disseram que utilizaram algum tipo de medicamento ou suplemento para melhorar seu desempenho sexual nos últimos dois anos. No entanto, apenas 17% conversaram com seus médicos a respeito, embora fosse consenso de que o tema deveria fazer parte das consultas.
A médica Erica Solway, uma das responsáveis pela pesquisa, reiterou a importância de se falar sobre sexo nos consultórios: “a vida sexual dos idosos não recebe a devida atenção dos médicos, mas está intimamente relacionada a seu bem-estar”. Foram detectadas grandes diferenças relacionadas a idade e gênero. Entre os idosos que se declararam com boa ou ótima saúde, 45% faziam sexo; entretanto, entre os que diziam ter saúde ruim ou razoável, esse percentual caía para 22%. Em média, os indivíduos entre 65 e 70 anos reportavam o dobro da atividade sexual das pessoas dez anos mais velhas. No quesito gênero, as mulheres ficavam em clara desvantagem: 31% delas se declaravam ativas, enquanto eles chegavam a 51%. Entre os homens, 50% afirmaram estar muito ou extremamente interessados em sexo, enquanto esse percentual entre as mulheres era de 12%.
A pesquisa mostra que o interesse e a necessidade de sexo acompanham o indivíduo ao longo de sua trajetória, como a psicóloga e sexóloga Cristina Werner já havia dito a este blog: “ainda convivemos com a mentalidade que recrimina idosos interessados em sexo, chamando-os de ‘assanhados’. É um direito negado pela sociedade e até pela família”. Ela também enfatizou a necessidade de uma conversa franca com o médico, lembrando que o diabetes, assim como o alcoolismo, acelera o declínio sexual nos homens, e que medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos afetam a libido. Está na hora de agendar esse papo.
Texto extraído do G1